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Problemas de tireoide interferem na fertilidade das mulheres

A tireoide é uma glândula em forma de borboleta situada na base frontal do pescoço. De acordo com a Fundação Americana de Tiroide, há cerca de oito milhões de mulheres nos Estados Unidos com distúrbios da tireoide não tratados. Calcula-se que de 4% a 8,5% da população tenham problemas de tireoide sem sintomas aparentes. Nas pacientes inférteis, essa prevalência pode ser ainda maior. Para aquelas em idade reprodutiva, as perturbações menstruais, a infertilidade e o aborto espontâneo podem ser o primeiro sinal de que algo está errado. Entre as várias ameaças que os distúrbios da tireoide provocam, a infertilidade é, indiscutivelmente, o mais fácil de identificar e tratar. Com um pouco de atenção por parte do médico, as mulheres com funcionamento deficiente ou excessivo dessa glândula, podem ter seus problemas corrigidos, evitando a infertilidade e as falhas dos tratamentos de fertilização, obtendo gestações normais e bebês saudáveis.

A glândula tireoide fabrica dois hormônios: a tiroxina (T4) e a tri-iodo-tironina (T3). A tiroxina é considerada mais importante por atuar como um maestro do metabolismo. Quando o T4 é produzido em excesso (hipertireoidismo), praticamente todas as células do corpo aceleram o seu trabalho – inclusive as do coração, que bate mais rápido sob a influência do T4. Por outro lado, quando os níveis de T4 caem (hipotireoidismo), o metabolismo fica mais lento. Idealmente, o corpo mantém os níveis do hormônio T4 rigorosamente em uma faixa adequada e, com isso, sustenta o equilíbrio do metabolismo. Portanto, os sintomas refletem os efeitos de um metabolismo acelerado hiperme (T4 em excesso) ou muito lento (T4 baixo). Dependendo da gravidade do desequilíbrio, os sintomas podem ser tão leves que a condição não é reconhecida por muitos anos. Os anticorpos antitireoidianos, como o anti-tireoperoxidase (ou anti-TPO) e o antitireoglobulina (ou anti-TG), encontram-se aumentados em de 5% a 18% das mulheres em fase reprodutiva e podem aumentar os riscos de abortos e complicações obstétricas.
Hipotireoidismo
O hipotireoidismo é mais comum entre as mulheres e pode ser classificado em:
• HIPOTIREOIDISMO INSTALADO, quando os exames mostram T4 livre baixo e sintomas bem evidentes como constipação, fluxo menstrual aumentado, ganho de peso, diminuição do apetite, letargia, depressão, problemas cognitivos, fadiga, pele seca, intolerância ao frio ou dores musculares. Algumas mulheres com disfunção da tireoide podem ainda apresentar níveis elevados de prolactina, o hormônio que induz a produção de leite materno após o parto. Excesso de prolactina pode dificultar a gravidez, pois impede a ovulação;

• HIPOTIREOIDISMO SUBCLÍNICO, quando as alterações hormonais são discretas, apresentando T4 livre ainda em nível normal, e os sintomas são sutis, como a infertilidade, abortos repetidos ou simplesmente dificuldade em perder peso. Isso é ainda pior, pois os médicos podem subestimar os sintomas. Outro efeito do hipotireoidismo é uma condição conhecida como defeito da fase lútea. A fase lútea é a segunda metade do ciclo menstrual, com duração da ovulação até a menstruação. Normalmente, dura de 12 a 16 dias, mas se a fase lútea for menor que 10 dias, haverá problemas de fertilidade, uma vez que o endométrio (revestimento do útero) não se desenvolve o suficiente para que o embrião se implante.
As doenças da tireoide que levam ao hipotireoidismo na maioria das vezes se manifestam após os 30-40 anos. É nessa fase da vida que a tireoide costuma falhar. Mulheres com hipotireoidismo têm mais chance de perder o bebê, na proporção de três para um, comparativamente a mulheres com função tireoidea normal. Durante toda a gravidez, os hormônios da tireoide são essenciais para a manutenção da gestação e a transferência de parte do hormônio da tireoide do lado materno para o feto, por meio da placenta.

Exames de sangue: distúrbios da tireoide são facilmente detectados por exames de sangue simples, que medem os níveis dos hormônios da tireoide T4 (tiroxina) e TSH (hormônio estimulador da tireoide). O TSH funciona como um termostato e é produzido pela glândula hipófise para regular a função da tireoide. Os níveis desse hormônio podem se tornar muito altos, de acordo com a resposta da hipófise em compensar a redução dos hormônios da tireoide. Juntos, esses resultados definem se a glândula está funcionando normalmente ou não.
Outros exames de sangue verificam a presença de anticorpos antitireoide. Altos níveis desses anticorpos são típicos de uma doença da tireoide chamada Tireoidite de Hashimoto, que pode resultar em hipotireoidismo. A Tireoidite de Hashimoto é classificada como uma doença autoimune, porque o corpo se volta contra si, formando anticorpos que atacam as células da tireoide e diminuem a produção de hormônio da mesma. A glândula em si pode compensar, tornando-se aumentada.

Tratamento: O tratamento do hipotireoidismo consiste na reposição oral do hormônio tiroxina (T4), uma vez ao dia, preferencialmente pela manhã e em jejum. A dosagem deve ser individualizada, sendo importante o controle periódico para que seja ajustada sempre que necessário.
Hipertireoidismo
O cenário oposto é o hipertireoidismo, em que a glândula tireoide torna-se hiperativa, e o metabolismo do corpo funciona muito rápido. Sinais de hipertireoidismo incluem evacuações mais frequentes, perda de peso, ciclos irregulares, aumento do apetite, insônia, nervosismo, intolerância ao calor, tremores nas mãos e palpitações cardíacas. Uma causa comum de hipertireoidismo é a Doença de Graves, uma doença autoimune, que tende a ser adquirida de forma familiar e afeta a glândula tireoide inteira. Outra causa de uma tireoide hiperativa são os chamados “nódulos quentes”, que podem se formar sobre a glândula. Nesse caso, a maior parte da glândula continua a funcionar normalmente, mas o nódulo contém células que produzem muito do hormônio T4. Seja qual for a causa do hipertireoidismo, o resultado é que a condição pode, por vezes, impedir a ovulação e causar infertilidade. Mas o maior problema é que uma mulher com hipertireoidismo não pode conceber, pois seu metabolismo pode estar tão fora de equilíbrio que pode causar o óbito fetal intraútero ou aborto espontâneo.

Exames:

 Sangue – hormônios: TSH suprimido e T4 livre alto
 Sangue – anticorpos:
A presença de anticorpos antirreceptor do TSH (TRAB) pode indicar uma doença autoimune chamada Doença de Graves
 Ultrassom de tireoide
Tratamento: no hipertireoidismo, os tratamentos são projetados para diminuir a secreção de hormônios da tireoide. Isso pode ser feito com drogas antitireoidianas ou com iodo radioativo, que, essencialmente, mata parte da glândula para diminuir sua produção hormonal. Iodo radioativo não pode ser usado em mulheres que já estão grávidas e deve haver um período de pelo menos seis meses de espera após o tratamento antes de tentar engravidar.

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